Faz hoje precisamente 3 anos que eu estava sentada neste
mesmo sofá, nesta mesma sala e com o mesmo cheiro a fatias douradas oriundo da cozinha. Lembro-me como se fosse ontem… Observa-te atentamente, enquanto dizia
para mim mesma que um dia iria ser uma pessoa tão forte quanto tu. Estavas no
outro lado da sala, sentado perto da lareira, com um ar cansado e pensativo, como se
não dormisses há inúmeras noites. Mas apesar disso, transmitias a tua habitual
serenidade, e tinhas contigo o mesmo ar doce que sempre conheci. O teu olhar
era vazio, vazio de esperança, e as tuas palavras teimavam em ficar mudas.
Estavas com o olhar fixo nas chamas, mas certamente não as vias, pois no teu
pensamento parecia travar-se uma verdadeira batalha, que visivelmente já te atormentava há
vários dias. Mantiveste-te assim por algum tempo, talvez até horas, intervalado de
um ou dois movimentos ponderados. De repente ergueste a cabeça, como se
tivesses encontrado a coragem que procuravas. Senti os teus olhos a virem ao
meu encontro, e soube de imediato que algo se passava. Os nossos olhos
encontraram-se, e os teus tremeram. Chamaste-me, e tal como os teus olhos, a
tua voz não se manteve firme. Sentaste-me no teu colo. Fizeste-me as habituais
festas no cabelo, seguidas de um beijo na testa, que só tu sabias dar.
Olhaste-me nos olhos, e de repente uma lágrima percorreu-te o rosto. O meu
coração padeceu, mas não desviei o olhar. Deste-me um pequeno sorriso, talvez
forçado, como se me preparasses para ouvir as palavras mais duras que alguma vez
ouvira. Respirei fundo, e foi então que ouvi: “Sabes que onde quer esteja, o pai vai estar sempre a olhar por ti,
não sabes?”. Bastou isso para eu perceber exactamente o que tu me querias dizer
e que tanto te atormentava, foi aí que eu percebi o porquê de toda aquela angústia,
foi aí que tive a noção que te ia perder a qualquer instante. Tentei manter-me
intacta, mas tornou-se quase inevitável não chorar. Continuaste a fintar-me com
os teus olhos de cristal, enquanto me dizias para não ter medo. De seguida limpaste-me as lágrimas e sorriste."Gosto mais de te ver assim, sem lágrimas no canto do olho." - disseste, enquanto me abraçavas como se fosse a última vez que o pudesses fazer. E foi nesse dia que percebi que o homem que julgava o mais forte do mundo ia ser inevitavelmente vencido por uma doença, e nem eu, nem ninguém poderia fazer alguma coisa para o evitar. Foi nesse dia que deixei de ver o mundo com os olhos
da criança de 14 anos que um dia fora. A vida não é justa, porém, ainda acredito que valha a pena.
32 comentários:
adoro
Tens sorte porque a mim acontece-me muito frequentemente ! xD Beijinhoo
adorei o blog , e os textos ! :)
oh obrigada linda, mesmo :)
adoro :)
oh tu é que és um linda, muito obrigada *-*
vou seguir*
de nada, e obrigado :)
eu sei o que é passar por isso. muita força*
ainda bem também e muito obrigada :)
oh, até me veio uma lágrima ao olho ao ler isto. está muito bonito, e sê forte (:
(a mim chegou-me "quando estou fechada", por isso acho que é mesmo assim, e não é incomodo nenhum :3)
Gostei imenso da forma como descreves os acontecimentos e falas de uma forma tão clara na tua escrita. Bom blog irei seguir :)*
não tens de quê querida (:
fico muito contente por teres feito (:
ainda bem <3
Tenho de ver, nunca fiz essas coisas xD
desafio aceite. obrigada :)) <3
obrigada pelo desafio fofinha xb
que querida **
Obrigada fofinha! Já fiz. ;)
se precisares estou aqui princesa *
fiquei muito contente por ter sido uma das tuas escolhas :) já respondi, e temos muitos gostos em comum! beijinho, boa semana*
:))
adorei o texto *
de nada <3
que lindo, adorei! vou seguir *
Já fiz o desafio **
gostei mesmo, lindo! sigo*
AMO AMO AMO AMO É LINDO O TEU BLOG!
Gostei muitoo do teu blog! Vou seguir :)
muito obrigada *.*
oh, este texto está lindo.
vou seguir o teu blog, gosto imenso!
se soubesses o quanto me identifico com este texto, os anos e o motivo. Tal e qual, adorei!
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